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Nó Cego e Bengala de Cego

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

FOGUEIRA DA VIDA



Somos iguais a uma fogueira
Que embora o fogo esteja na base
A primeira a ser consumida é a ponteira,
Que vai queimando fase por fase.
Quando chega ao meio já começa a estalar.
São como nossas juntas à incomodar
Cuja tendência é cada vez mais piorar,
Exigindo de nós um esforço hercúleo para aguentar.
Os alarmes soam como carro de bombeiros.
Pele, juntas, audição e visão,
Se unem como bandoleiros
À incomodarem num perfeito mutirão.
Tentamos nos proteger da melhor maneira,
Mas o coral do incômodo soa bem alto.
Somos uma baita e enferrujada peneira
Que ao joeirar nada segura, indo tudo cair no asfalto.
Se correr o bicho pega,
Se ficar o bicho come,
Não há como fugir dessa esfrega
E a dor incômoda não some.
Alguns olhares de interrogação nos dirigem.
Desconhecem como é difícil seguir o caminho,
Inda mais quando chega a vertigem,
Só restando mesmo é pedir um colinho.
Para nós o semáforo tá sempre no vermelho.
Ficamos esperando o verde para avançar
E novamente sair pulando que nem coelho,
Mas no final, viramos mesmo é cinzas de tanto queimar.
Acyr Gomes

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