Trair e coçar é só começar.
Este foi o título de uma peça de teatro
Apresentada em horário popular
E que deve ter deixado muita gente com rastro.
Além do desejo ardente e natural
A curiosidade também marca presença,
Pois todos passam pelo mesmo umbral,
Mas pequenos detalhes fazem a diferença.
Um olhar, um sorriso, um gesto mais ousado
Leva o imaginário alçar voos altos.
Nessa hora toda promessa fica no passado
E passa a integrar o time dos insensatos.
Chega a hora da cobrança pelo engano,
E ainda cambaleante tenta-se voltar ao cotidiano.
Os pensamentos, a todo instante, lembram a travessura
E aí coloca-se na cabeça o elmo da desventura.
Será necessário ter nervos de aço,
Resistir a tentação para não seguir por àquela vereda.
Pelo peso da culpa dá para sentir cansaço,
E diante da dúvida é preciso apagar a labareda.
Doravante o bicho terá sete cabeças.
A contrariedade martelará como o pingar da torneira aberta.
As cobranças pelo ato serão obesas
E os sentidos terão que ficar em alerta.
O alívio, se houver, pelo erro cometido
Será desgastante se quiser entrar no olimpo.
Doravante é aposentar de uma vez o impulso tido
Para se reintegrar e voltar a levar uma vida à limpo.