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Nó Cego e Bengala de Cego

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Meu Lugar


Não sei desde quando eu passei a enxergar a vida com outros olhos
Acho que foi quando ainda era somente uma menina
Não que eu não vivesse no mundo dos sonhos e ilusões
Mas eu já tinha uma imagem da realidade da vida
Era um exemplo de como existem coisas erradas no mundo
E como uma criança tem sim a visão do que é certo e errado
As barbáries da vida, a desinformação, o vício, a falta de amor
Tudo muito cedo para os olhos de uma criança
E eu, não queria nada daquilo para minha vida
Eu queria algo muito melhor e maior
Dizia para mim mesma, isto eu não quero para meu futuro
A vida era muito difícil, eu tentava viver no mundo da fantasia
Matava aulas para ficar vendo o trem passar com o carregamento de bois
No caminho para a escola, havia um frigorífico , ficava morrendo de dó dos pobres bichos
Acho mesmo que já sabiam o seu triste destino
Eles andavam sem mugir, um atrás do outro
Feito uma fila indiana, aceitando seu destino sem nem mesmo um ruído
Pensava muito neste triste fim dos bichos, mas eu adorava um boa carne
Uma bela contradição, não tem muita explicação.
Também gostava de outra coisa uma bela travessura a de subir em cima da casa
Sim lá no telhado, ali onde ninguém me alcançava
Eu era a rainha dos telhados, se algo desse errado era pra lá que eu corria
E não havia ninguém que me fizesse descer de lá e eu sabia disto
Passei dias inteiros em cima do telhado tentando em vão dissimular minha mãe
A não levar uma bela sova, daquelas que só a gente conhecia
Era de fio de ferro, ou qualquer coisa que estivesse por perto
Se naquele tempo houvesse direitos, com certeza já estaria num lar adotivo
Acho que por isto vivia a viajar, sim viajar no tempo em meus pensamento
Eu ainda era uma criança e queria voar para longe
Nem mesmo sabia se o helicóptero existia e eu já me imaginava voando
Voando sozinha, numa máquina do tempo, como um astronauta
Achava que ali não era meu lugar, será que todos tinham este mesmo pensamento ?

livefyre