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Nó Cego e Bengala de Cego

sábado, 29 de outubro de 2011

As diversas formas de expressar "Eu te amo".




Se vc pensou em outras línguas
ou através de mímicas ou desenhos
Errou completamente.
Elas existem e durante muito tempo
predominaram e ainda continuam a existir.
Só depende de vc saber lê-las.
Não descendo de famílias quatrocentonas
Para situar as minhas raízes brasileiras
o máximo que posso usar é um centão
Sou neta de emigrantes que aqui aportaram
no começo do século passado.
Fugindo sei lá do quê e trazendo de riqueza
só a maldita esperança , que Nietsch sempre condenou.
E, no bolso a famosa Carta de Chamada
que era para os europeus seu passaporte para enriquecer
Era a única forma de entrar no Brasil
E, aqui enfrentavam qualquer tipo de serviço
Eram pobres mas aqui não passavam fome e nem o frio da terra natal
As mulheres era praticamente meninas, casadas assim que menstruavam
Algumas com 15 anos já com dois ou mais filhos
e, para elas era mais fácil encontrar trabalho
Não estou falando de emprego
Iam ser domésticas em casas abastadas ou de lavadeiras
Já os homens iam fazer bicos no cais ou em caminhões
Isto fez das mulheres arrimos de família
e fez crescer o regime matriarcal.
Poucas eram alfabetizadas mas sofridas e batalhadoras.
E, lavando roupa foram amealhando um dinheirinho e compravam terras
As terras eram mais próximas das praias ,lugar considerado mangue
E, de pouco valor comercial e sem vizinhos
Transformaram Santos num terrenos baldios em que se destacavam varais
E, neles tremulavam , como se fossem bandeiras, as roupas das mais diversas cores e principalmente as brancas alvejadas pelas mãos calejadas
e clareadas pelos raios do Sol.
Dessa forma essas mulheres criaram seus filhos , mandando para a escola . arrumando emprego mas pouco tempo tinham para dar atenção e, carinho e amor.
Eram mulheres incapazes de dar um abraço, não sabiam mostrar seus sentimentos mas eram mães amorosas sim.
E, assim foi minha avó , e depois a minha mãe e eu aprendi como os meus filhos a dizer que os amava , que os achava bonitos e elogiar os seus feitos.
Mas nem por isso fui melhor que a minha mãe ou minha avó que demonstravam que amavam como podiam.
Ir ver a minha avó era na certeza ser recebida com um guaraná , escondido em baixo da pia , para adoçar a boca de seus netos.As vezes ficava lá tanto tempo .pela quantidade que comprava que qdo tomávamos já estava sem gás e meio choca.Se avisasse-mos que íamos , éramos recebidos com nosso prato preferido , uma mesa farta , era a  forma de mostrarem o que nos amava.E, não voltavamos sem um trocadinho no bolso do short , passado sorrateiramente sem que nossos pais percebessem.Era uma cumplicidade .todos os netos entendiam a senha.Em casa contávamos pra os nossos pais que nada tinham contra e não se opunham.Mas a cada domingo ocorrria e encenação.E, desta forma foi criada a minha mãe. Que conseguia abraçar , beijar, elogiar e se emocionar com os netos mas não conseguia ser do mesmo jeito com os filhos. E da mesma forma agia, conseguia dar dinheiro para as crianças sem que nós os pais víssemos e que eles de uma geração mais ousada e esperta apelidavam de "escorregueixo ".Um olhava para a cara do outro e de um em um ela lhes passava o dinheiro ,sem que nós sequer fingissemos  ver.Nós não víamos quando ocorria .Ao sair da casa da vó e entrar no carro tanto os meus filhos como os meus sobrinhos tiravam do bolso uma nota as vezes tinindo de nova , e gritavam hoje teve "escorregueixo".
Ps: em tempo nem o meu pai avô das crianças , ali ao lado dela percebia.



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