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Nó Cego e Bengala de Cego

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

L E M B R A N Ç A S

Com os ombros arriados e o olhar preso ao chão
Tornamo-nos como sonâmbulos ao caminhar.
Embora sons venham da multidão,
Só ouvimos o pensamento que está a nos acompanhar.
A cautela que precisamos ter
Não nos torna tão vigilantes como deveríamos ser
Pois as lembranças nos absorve totalmente
Tomando o espaço total da nossa mente.
Indiferente nos esquivamos dos outros seres presentes
E ainda mais omissos continuamos a andar.
Se um amigo comum nos cumprimenta, por instantes,
Damos um pulo de susto por aquele despertar.
Naquele momento sentimos que fomos deselegantes
E até mesmo um pateta por não responder
Aos cumprimentos tão elegantes
Oferecidos por uma pessoa do nosso diário conviver.
O amigo deve ter resmungado:
"Quis vult decipi decipiatur", ou seja:
"Quem quer ser enganado, que o seja", ou então pensado:
"Olhe no espelho e se veja".
Levamos alguns instantes para nos ordenar,
E a violação dos bons costumes aparece para castigar.
A face arde como as cores do vermelho berrante,
E o constrangimento dá sua gargalhada bem abundante.
Isto tudo ocorre num pequeno espaço de tempo,
Mas, parece uma eternidade sem par.
Depois disto voltamos ao passo lento
Tentando, mais uma vez, nos localizar
Deixando tudo ser levado pelo vento
E voltando lentamente a caminhar.

Acyr Gomes


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