sábado, 12 de novembro de 2011
VÍCIOS E COSTUMES
Caminhando, como sempre faço
Vi bem distante uma mulher agachar-se para apanhar algo no chão.
Fiquei curioso com aquele gesto e ao me aproximar,
Reparei que ela apanhava guimbas de cigarros.
Fiquei a imaginar, com certa tristeza, do vício que aquele
Ser humano carregava.
No mesmo inatante lembrei-me de passagens da minha vida.
No meu tempo de garoto, os viciados em cigarros já faziam isto.
Naquela época os cigarros não tinham filtro, então as pessoas
Apanhavam aquele toco e fumava o restante até queimar os dedinhos,
Ou então recolhia uma quantidade bem grande
E faziam um novo cigarro com a união do fumo.
Naquele período usava-se muito o fumo de rolo que era cortado e
Esfarelado na pala da mão e daí era enrolado num papel de seda
Que era vendido nos armazéns de secos e molhados.
Diante da facilidade de comprar o papel, faziam o novo cigarro.
Após o enrolado era só colar com a saliva a borda do papel
E tava prontinho o novo Continental para curtir o vício (e que vício)
Outra coisa me fez lembrar naquele gesto da mulher
Ao abaixar-se, era que com 8 a 10 anos de idade,
Ia para o colégio com dois amiguinhos (Dilmo e Shirley).
O Shirley tinha o costume de parar instantâneamente
Abaixar-se e apanhar algo imaginário no chão.
Até hoje não consigo imaginar o que era.
Ele se abaixava, colocava a pasta de couro do lado da perna
E fazia àquela cena,
Quero também dizer que nós (estudantes) usávamos
Pasta de couro, diferentemente de hoje que é mochila.
Acho engraçado como certas coisas volta e meia
Me faz lembrar os tempos idos.
Apenas para encher linguiça, o pai dos dois irmãos
Tinha uma pequena fábrica no fundo do quintal
De fazer tamancos.
O pai dos amiguinhos, cortava a madeira no formato
Da sola do pé e nos vários tamanhos e depois
Pregava uma tira de couro. Esta tira era presa com taxas
Nos lados do tamanco e passava por cima dos dedinhos.
Eu, Dilmo e Shirley, ajudávamos a estocar e embalar,
Para um futuro envio aos clientes.
Foi ali, naquela época, que aprendi a fazer fogão de serragem,
Que passo a explicar...
Pega-se uma lata de 20 litros de qualquer coisa e vazia.
Tira-se uma das tampas e abre-se uma portinha na parte de baixo
com aproximadamente 8cms de altura por 5 de largura.
Enfia-se uma madeira da mesma largura da portinha
Até o meio da lata.
Após isto enfia-se uma madeira roliça, na vertical, indo se encontrar
Com a ponta da outra que entrou pela portinha, na horizontal.
Notarão que foi formado um "L".
Após feito, enche-se de serragem toda a lata e aperta-se bem para não cair a serragem.
Agora é só acender o fogo que arderá por muito tempo.
Outrora este processo era muito usado para se esquentar
Água para o banho (não havia chuveiro elétrico)
E para conzinhar roupa (naquela época certas roupas iam p/ o fogo)
Acyr Gomes