O mau é como o caruncho na madeira
Que vai pouco a pouco se alimentando do fraco
Deixando um rastro de sujeira
Que fica difícil escapar deste terrível barco.
Inclemente nesse propósito tão destruidor
Torna-se um anfitrião para os de baixa estima
Prometendo uma vida sem qualquer dor,
Regojiza-se da sua obra prima.
É hábil na arte de enganar e falar,
Tornando-se fidalgo, causa até estima
Diante de um bando que só pensa em azucrinar.
Se empenha nesse objetivo totalmente
Tornando-se santo diante de seus seguidores.
Transpondo as cercas avança como um demente
Deixando um rastro de sofrimentos e dores.
Segue seus ojetivos com tenacidade,
E ai daquele que vier na contramão
Tentando causar-lhe dificuldade
Pois conseguirá apenas cinzas das brasas do carvão.
Segue fielmente a Lei de talião,
Olho por olho, dente por dente.
Se alguém lhe fizer mau terá severa perseguição,
Mas caso lhe faça o bem, pasmem, será tratado como demente.
O amor, a bondade, o caráter não está no seu sangue,
Dane-se quem pensar ao contrário,
Pois seu destino será o canal do mangue
E será riscado do seu terrível diário.
Mas tudo isto se acabará num dia.
Deus dá corda deixando livre o caminho,
E quando ELE puxar as rédeas acabará a rebeldia,
E como diz a Nó, ficará de castigo no cantinho.
Acyr Gomes
