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Nó Cego e Bengala de Cego

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PERDIDA NO TEMPO


Querida,

O amor, antes de tudo, tem que ser amigo.


A amizade, a lealdade e a gratidão estão dentre as mais nobres virtudes humanas. Aceitar o amigo, ser solidário no momento exato em que esse precisa de nós, compreender as pequenas fraquezas e, sobretudo, reconhecer as pessoas mesquinhas que denunciam,e ofendem por motivações pessoais, são atitudes que engrandecem a existência e contribuem para tornar vida menos dura, com confiança. São verdadeiras atitudes humanas, que carecem da aceitação das diferenças e conhecimentos das precariedades, vaidades e hipocrisia da condição do chamado ser inteligente.

Hoje tenho a convicção de que falhei... Fui fraco amante e um péssimo amigo, não soube ser solidário quando devia ter sido, não saí em sua defesa, minha amiga, pois me senti deslumbrado, acuado e amedrontado. Não soube compreender a grandeza do seu coração, nem a dureza de ser pressionada por acusações de quem não conhecia a nossa verdadeira história.


Igualmente não soube agradecer por você ter participado de tantos dos nossos sonhos, muitas vezes ajudando a realizá-los... Como esquecer? Estavamos juntos, dia e noite, partilhando sonhos, buscando realizações... e daí, qual foi o reconhecimento? Nenhum...

Tenho me penitenciado, diariamente, por não ter conseguido fugir às pressões e não ter lhe procurado, tentando compreender toda a situação. Se tivesse feito isso, teria lhe defendido, ficado ao seu lado. Um verdadeiro amigo teria superado os problemas, seguido com você e agradecido por toda a dedicação.

Sei que seguiu em frente, com sua fé, sua força, sua alegria e sua forma sempre amiga de querer bem. Sei que venceu. Sei que mágoa e dor foram esquecidas, pois você sempre foi como o rio que, correndo entre pedras, segue em frente em busca de algo melhor, mais além.

Falhei enormemente... Acabei, assim, por apagar uma chama essencial que me iluminava e encantava a minha vida. Entenda-me que, para isso, não há perdão - nem mesmo eu me perdôo.

Hoje, convivo com o silêncio e a saudade.
J........

(Esta carta é verdadeira, o autor não teve coragem de enviá-la em vida. Dezesseis anos depois, após sua morte, um depositário fiel me entregou, conforme desejo dele. Faz parte do meu passado, mas valeu cada segundo esquecer, ir em frente e lutar. Fui e sou feliz.)
Por Cegueta P... Pandora - a nova

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