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Nó Cego e Bengala de Cego

sábado, 29 de novembro de 2008

Mudança

sonhei um sonho sonhado
muitas vezes até acordado
que a chuva era abundante
e os açudes de tanto em tanto
a todo o povo atendia
e com a água em abundância
plantando tudo crescia
era um colorido lindo
tinha cor pra todo gosto
e comida pra todo o povo
era só erguer o braço
e do pé recolher
pra "mordes" aki comer
não tinha mais menino magro
até já nasciam parrudinhos
e a tal da mortalidade
nem mais dela se ouvia
os nascidos aki ficavam
ninguém mais se despedia
as cartas se tornaram raras
e no correio até se dormia
e claro que com a fartura
veio a tal da bonança
sobrava penicilina
vacinas e outras drogas
que a vida prolongava
e bem estar trazia
êita sonho mais que bom
me sentia no paraíso
dos políticos nem te falo
eram só os dedicados
e da população cuidavam
queriam ver todos sorrindo
importaram um tal dotô
que era um milagreiro
dos dentes das crianças cuidava
e sei lá o que usava
que nunca mais caiam
e dos adultos então
cada um com o seu sorriso
guardavam a noite no copo
mas ostentavam de dia
enfim era uma beleza
foi então que despertei
com um galo que não existia
tomei o café que não tinha
comi o pão que imaginei
peguei uma trouxa maltrapilha
fui ao encontro da esperança
em cima de um caminhão
eu e nem sei qtos mais
gente feia e sofrida
empuleirada como dava
viajamos com esperança
essa que nos faz viver
de que em outras terras
têm akilo pra nós viver

livefyre