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Nó Cego e Bengala de Cego

domingo, 8 de agosto de 2010

MEU PAI





Sinto uma enorme dificuldade em falar do meu pai, isto porque fui mantido, bem como meus irmãos, numa distância que hoje tentando escrever sobre ele quase nada tenho prá falar.
Estes dias conversei com duas irmãs mais antigas do que eu (sou o caçula) e não obtive muito sucesso.
Fiquei sabendo + - que meu pai foi criado da seguinte forma:
Se ele queria falar algo com meu avô tinha que marcar hora, ou seja, minha avó se dirigia ao meu avô e perguntava se podia atender ao meu pai. Esquisito, né?(1)
Então acho que por causa desse costume meu pai nos mantinha numa certa distância, não que minha mãe fosse intermediária, mas a distância existia e hoje percebo claramente.
Nunca soube dos meus avós. Meu pai nunca nos falou de sua mocidade, onde estudou, se serviu ao Exército, como conheceu minha mãe, se teve amigos, etc,
etc. Esquisito, né? (2)
Ele, meu pai, sempre foi severo, não estou dizendo de nos dar corretivos, de bater, de gritar, não, mas nós nos sentíamos quase sem fôlego para tomarmos uma decisão. Não sei se vocês estão me entendo.
Não me lembro de ter entrado uma única vez no quarto dos meus pais.
Honra e caráter ele sempre nos passou, Graças a Deus.
Nossos aniversários passavam em branco pois siquer um bolo era feito.
Amigos nossos só vinham até o nosso portão, sendo que ele também não permitia visitas dos possíveis amigos que tivesse. Esquisito, né? (3)
Mas com tudo isto devo muito a ele por ser o que sou e me orgulho muito do que sou.
Se errei na minha caminhada? Muitas vezes, mas tenho certeza que nestes momentos suas mãos estavam recolhidas me negando estendê-las. Ele era desses (by Fran).
Que ele esteja colhendo os frutos que plantou e que eu gostaria de colher, mesmo agindo da forma que agiu impulsionado, talvez, pelo jeito que foi educado.


Acyr Gomes

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