Por trás
Por trás da soberania,
da cadeira de veludo que lhe protegia as costas,
o que restou no fim?
Será tarde demais para encarar a insegurança por trás da fortaleza?
Encarar a tristeza e a decepção por trás do sorriso bege?
O destino por trás do controle?
O corpo enfraqueceu e lhe sobra a alma.
Alma vivida em quantidade, mas pueril em qualidade.
O medo.
Os questionamentos.
A condição de lidar com o próprio travesseiro,
procurar os erros embaraçados na rede da “solidão”.
Afinal, de que adiantou a postura fixa em altivez e inumanidade,
se os ombros agora desejam cair e a vergonha os impede?
De que serviram tantas provações se agora o público se foi e não pode mais aplaudir?
Mas os enganos continuam vivos.
A mente ainda prega as mesmas peças a fim de aliviar.
O mundo está fechado pelos muros do castelo de areia.
Provavelmente terminará assim sua jornada.
Da mesma forma que a começou.
Mantendo a burrice do sorriso largo e poses esculturadas
e os equívocos dos valores inúteis.
Pobre do que se fez rico mas manteve os olhos cerrados
diante do que era simples e claro e das reais virtudes.
Pobre de quem tanto suou no palco e não tem quem o aplauda, nem si mesmo.