E o final? Cada um escolhe o seu. São três horas da madrugada. Desligo o PC, depois de ter passado um tempo enorme lendo sobre o amor, lendo o amor, sentindo o amor. Olho para trás e vejo o marido dormindo. Sem fazer barulho, coloco a cadeira no lugar, saio do quarto, fecho a porta bem devagarzinho. O maldito cigarro antes do sono é certo. Vou para a janela e fico olhando um morcego voando em torno da amendoeira. E me pego pensando na vida. Ele dá um rasante na minha janela. Paro para apreciar o voo daquele mamífero alado. Como consegue? Prometo a mim mesma que, ao acordar, vou ler sobre morcegos. Entro novamente no quarto, sem acender a luz. Medo de ser pega no flagra. Trêêêêês horas!!!!!!!!!!!!!! Você é louca?????? Sento na cama com o maior cuidado. Hora de agradecer pelo dia. Deito a minha cabeça no travesseiro. Ela não para de pensar. Como cheguei a este ponto? Reflito: marido ótimo, filhos maravilhosos, casa, trabalho, amigos. O que está faltando? Preenchendo o quê? Sempre fui muito pé no chão. Nunca fui fã louca de ninguém. No máximo Beatles, Chico (o Buarque), Gonzaguinha. Nada que tivesse me tirado do sério. E agora, que loucura é essa? Não saio da frente do computador. Adolescência tardia. Ou retardada? Não, sou uma mulher bem resolvida, com problemas aos montes, mas com disposição para resolvê-los. Ficar assim, de mãos atadas, isso não é comigo. O que faço agora? Decepção com as pessoas, decepção comigo. Como não percebi o tipo que o tipo fazia? Lembrei de ler sobre os morcegos. Me recorda vampiros, vampirização. Vou ao Google. Morcegos. “Os morcegos são bichos feios, que vivem em cavernas escuras e tenebrosas.” Isso me lembra alguma coisa. Ou alguém? Cavernas escuras, tenebrosas. Sem claridade. Que medoooo!!!! Tento puxar da memória alguém com essas características. Desvio o pensamento. Volto à pesquisa: “Eles transportam carrapatos.” Nossa!!!!!!! Um nome vem chegando ao meu pensamento. Corro dele, do nome e do pensamento. Não sei por que lembrei agora da palavra parasita. Continuo a leitura: “... eles são cegos e constituem uma ameaça ao homem.” Será que eu pertenço a essa família? Cega, eu? Sim, por algum tempo. Mas não constituo uma ameaça a ninguém. Ponto pra mim. Cego ele? Certamente. Zero para ele. Alguma coisa começa a se encaixar. Há pessoas-morcego? Volto ao texto: “dependendo da espécie, a cabeça e a cara de meus parentes podem assemelhar-se a um urso, a um cão, ou talvez a uma raposa.” Lembro logo de amigo-urso, aquele que diz que é amigo mas que, em algum momento, vai te dar um abraço. De urso. E as raposas, aquelas velhas raposas, vividas, cheias de truques e artimanhas que a vida lhes ofereceu? Ah, essas são perigosas, periguetes!!!!!! Tramam, sobrevivem eliminando os mais fracos, enganam. Logo me veio à mente a fábula “Raposa e a Cegonha” Será que estou me perdendo? Ou já estava perdida e não sabia? Volto aos morcegos. Achei: “... há membros da minha ‘família’ conhecidos como vampiros. Alimentam-se de sangue, às vezes de humanos adormecidos. Os vampiros transmitem raiva.” Me achei. Eu falava mesmo de vampiros. É isso. Estou perdendo minhas forças. Socoooooooooorro!!!!!!!! Estou sendo sugada!!!! Como pude deixar que me vampirizassem na minha credulidade, no meu senso de justiça, no meu jeito de transmitir amor àqueles que considero merecedores? Como me deixei adormecer por uma situação tão bizarra? Pessoas-vampiro. Vampiros emocionais. Eles existem? Aos montes. Pessoas que sugam a energia do outro até o fim. Se der mole, sugam até a própria energia. Semelhante à lenda, as pessoas-vampiro costumam ser extremamente sedutoras, vendem-se como pessoas especiais. E aí? Adeus... acontece o envolvimento. Ah, droga! Cansei! Meu vigor está indo embora... Preciso repor minhas energias. E o final? Bem, o final pode ser uma brincadeira. Uma parceria seria bem legal. Quem quer tentar?
Autores: Joana Pedro e ......