Ontem, dia 31 de agosto de 2010, estava distraída no PC, no divertido blog das ceguetas.
Ouvi um ruído alto, havia caído algo do lado de fora que causou o estrondo.
Abri a janela daqui do terceiro andar e, por Deus, vi um homem abaixo no jardim.
Ele, qual carrasco contratado, andava entre as toras cortadas do que foi um lindo pinheiro
Num impulso diante do susto, fechei forte a janela, não queria ver tão devastadora cena.
Queria que os vidros estilhaçassem e suas pontas atingissem meu coração, o perfurassem.
Melhor seria essa dor concreta que aquela dor abstrata que minha mente recusava sentir.
Sem entender tamanha crueldade meu coração sangrou sem derramar uma gota de sangue.
Essa bela árvore enfeitou meus dias, meus olhos, minha vida, minha casa, o jardim.
Pela manhã, um andar acima, era pura alegria chegar à varanda e quase pegar suas ramas.
Entre as galhadas verdes, brilhantes, se abrigavam aconchegantes ninhos de bem-te-vis.
A algazarra que faziam , os piu pius delicados que só ouvidos afiados percebiam, se calaram.
Recusei olhar o vazio deixado, aquele grande buraco, cercado de prédios duros de cimento
Na madrugada, pensei ter sonhado. Acordada tomei coragem e na varanda cheguei.
Olhei para o vazio na penumbra da noite sem estrelas, sem lua, sem luz e sem testemunhas.
O abismo estava lá, concreto, real, as toras empilhadas, as ramas espalhadas .
Voltei para a cama, chorei a desumanidade, pelos pássaros mortos, pelos ninhos violentados.
Esse 31 de agosto de 2010 se tornou meu particular 11 de setembro de 2001.
Por : Livre
Ouvi um ruído alto, havia caído algo do lado de fora que causou o estrondo.
Abri a janela daqui do terceiro andar e, por Deus, vi um homem abaixo no jardim.
Ele, qual carrasco contratado, andava entre as toras cortadas do que foi um lindo pinheiro
Num impulso diante do susto, fechei forte a janela, não queria ver tão devastadora cena.
Queria que os vidros estilhaçassem e suas pontas atingissem meu coração, o perfurassem.
Melhor seria essa dor concreta que aquela dor abstrata que minha mente recusava sentir.
Sem entender tamanha crueldade meu coração sangrou sem derramar uma gota de sangue.
Essa bela árvore enfeitou meus dias, meus olhos, minha vida, minha casa, o jardim.
Pela manhã, um andar acima, era pura alegria chegar à varanda e quase pegar suas ramas.
Entre as galhadas verdes, brilhantes, se abrigavam aconchegantes ninhos de bem-te-vis.
A algazarra que faziam , os piu pius delicados que só ouvidos afiados percebiam, se calaram.
Recusei olhar o vazio deixado, aquele grande buraco, cercado de prédios duros de cimento
Na madrugada, pensei ter sonhado. Acordada tomei coragem e na varanda cheguei.
Olhei para o vazio na penumbra da noite sem estrelas, sem lua, sem luz e sem testemunhas.
O abismo estava lá, concreto, real, as toras empilhadas, as ramas espalhadas .
Voltei para a cama, chorei a desumanidade, pelos pássaros mortos, pelos ninhos violentados.
Esse 31 de agosto de 2010 se tornou meu particular 11 de setembro de 2001.
Por : Livre