Powered By Blogger

Nó Cego e Bengala de Cego

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Prece de Gratidão





Senhor, muito obrigada pelo que me deste, pelo que me dás!
Pelo ar, pelo pão, pela paz!
Muito obrigada pela beleza que meus olhos veem no altar da natureza.
Olhos que contemplam o céu de anil e se detém na terra verde, salpicada de flores de tonalidades mil!
Pela minha faculdade de ver, pelos cegos eu quero interceder.
Por aqueles que vivem na escuridão e tropeçam na multidão
Por eles eu oro e a Ti imploro comiseração
Pois eu sei que depois dessa lida, numa outra vida, eles enxergarão!
Senhor, muito obrigada pelos ouvidos meus
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro,
A melodia do vento nos ramos do salgueiro,
A dor e as lágrimas que escorrem no rosto do mundo inteiro.
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez e não esquece nunca mais
Diante da minha capacidade de ouvir
Pelos surdos eu te quero pedir
Pois sei, que depois desta dor, no teu reino de amor, eles voltarão a ouvir!
Muito obrigada, Senhor, pela minha voz!
Mas também pela voz que canta, que ensina, que consola.
Pela voz que, com emoção, profere uma sentida oração!
Pela minha capacidade de falar,
Pelos mudos eu Te quero rogar
Pois eu sei, que depois desta dor, no teu reino de amor, eles também cantarão!
Muito obrigada, Senhor, pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham
Mãos de caridade, de solidariedade
Mãos que apertam mãos.
Mãos de poesias, de cirurgias, de sinfonias de psicografias
Mãos que numa noite fria cuida ou lava numa pia
Mãos que à beira de uma sepultura
Abraça alguém com ternura num momento de amargura.
Mãos que no seio agasalham o filho de um corpo alheio, sem receio.
E meus pés que me levam a caminhar, sem reclamar
Porque eu vejo na Terra amputados, deformados, aleijados...
E eu posso bailar!
Por eles eu oro, e a Ti imploro,
Porque eu sei que depois dessa expiação
Numa outra situação
Eles também bailarão!
Por fim, Senhor, muito obrigada pelo meu lar!
Não importa se este lar é uma mansão
Um ninho, uma casa no caminho , um bangalô
Seja lá o que for!
O importante é que dentro dele exista a presença da harmonia e do amor!
O amor de mãe, de pai, de irmão, de uma companheira...
De alguém que nos dê a mão, nem que seja na presença de um cão
Porque é tão doloroso viver na solidão!
Mas se eu ninguém tiver
Nem um teto para me agasalhar, uma cama para eu deitar
Um ombro para eu chorar, ou alguém para desabafar...
Não reclamarei, não lastimarei, nem blasfemarei.
Porque eu tenho a Ti!
Então, muito obrigada porque eu nasci!
E pelo Teu amor, Teu sacrifício, Tua paixão por nós
Muito obrigada, Senhor!


Autora : Amélia Rodrigues
Psicografia: Divaldo Pereira franco

enviado por: Joaninha Pedro

livefyre